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Mente...Corpo...Espírito

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Eros... Amor e erotismo.

*Geylson Kaio

O que será que será...Que dá dentro da gente e que não devia...Que desacata a gente, que é revelia...Que é feito uma aguardente que não sacia...Que é feito estar doente de uma folia...Que nem dez mandamentos vão conciliar...Nem todos os ungüentos vão aliviar...Nem todos os quebrantos, toda alquimia...Que nem todos os santos, será que será...O que não tem descanso, nem nunca terá...O que não tem cansaço, nem nunca terá...O que não tem limite(...) Chico Buarque.

Eros, um deus do amor na mitologia grega, representa a paixão, o desejo. Filho de Afrodite e Ares, Eros é o símbolo dos apaixonados. Um inofensivo cupido, que esconde em sua flecha o poder da fantasia, do desejo, do erotismo.

Platão, grande filósofo grego, com seu amor sem toque, sem atração física, apenas contemplando o objeto de seu amor como numa relação ideal, funda o amor platônico. Um amor firmado na beleza do caráter e das qualidades pessoais. Mas também pode ser entendido como um amor contido, não revelado, escondido.

Já Eros, diferentemente de Platão, transforma-se no amor erótico. Ambos são amores, um enclausurado na mente, outro liberto pelas emoções. Um satisfeito com o pensamento, outro realizado no calor dos corpos em movimentação.

O desejo sexual é esse impulso da mente, do corpo, da alma, em busca da satisfação e do prazer. É o grande corcel negro que almeja correr livre entre as paisagens mais belas. O desejo sexual se alimenta basicamente de duas fontes: uma interna, outra externa. A fonte interna dos desejos são as fantasias, as vivências, a personalidade e o próprio amor. A outra fonte é a linguagem corporal, a cultura, as sensações como o cheiro, o calor, o odor, o olhar, a música.

O amor une e reuni todos num laço. O amor é o sentimento da excelência, difícil de defini-lo, escapando-se dentre os dedos da mão, mas é o fundamento, a forma e a cor em si mesmo.

O Psicólogo e Sexólogo Fabiano Di Girolamo, argumenta que o erotismo está presente em diversas civilizações antigas, como a Grega e a Romana, e que homens e mulheres representam o erotismo de maneira diferenciada. Para o homem, o erotismo ganha ênfase visual no corpo feminino, sendo atraído pela sua nudez. Ele tenta livrar-se de tudo o que possa causar obstáculo ao seu desejo, sonha com a satisfação imediata, sem necessidade de trabalho e com vigor irresistível. Para a mulher, a ênfase está na fantasia e no contato com a pele, zona de maior erotismo feminino. Ela pede romance, enamoramento, descoberta, encanto, mistério.

Enquanto a pornografia se constitui como um acessório explícito do desejo erótico, mas dispensável, o erotismo se define como uma das forças viscerais da psique que pressupõe uma arte erótica, de Eros, do amor, fazendo parte da estética. A erótica faz parte do mundo sexual simbólico, estético e artístico do ser humano, criando e recriando o belo pela própria arte de amar.

Reconhecemos na estrofe de Chico Buarque acima citada, a representação artística da dimensão do desejo que a gente sente, mas não devia... Que desacata a gente, que é revelia... E que é como um aguardente que não sacia, manifestando a força da energia libidinal que possuímos, onde sua expressão se dá no próprio exercício da sexualidade humana... O que não tem cansaço, nem nunca terá.

* Geylson Kaio é Psicólogo Clínico, Pós Graduando MBA – Gestão de Recursos Humanos, Espírita e Vice-presidente da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa/PB.

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